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Como um museu de futebol pode fortalecer a identidade e a relação dos torcedores com os clubes

Foto do escritor: Carolina KukCarolina Kuk

Adotar ações de memória institucional para resgatar a história de um time é um investimento estratégico



Museu do Futebol em São Paulo (SP). Foto: Eduardo Merege/Carta Capital
Museu do Futebol em São Paulo (SP). Foto: Eduardo Merege/Carta Capital

O futebol é mais do que um simples esporte. No Brasil, ele é uma verdadeira paixão que permeia a cultura e a identidade nacional. A relação afetiva dos torcedores com seus clubes transcende o campo, formando laços profundos que se manifestam em celebrações, rituais, superstições, momentos de sociabilidade e em lugares de memória como os memoriais, os museus de futebol, os arquivos históricos, os centros de memória e exposições sobre o tema.


Além de proporcionar entretenimento, o futebol é um importante meio de socialização, unindo famílias e comunidades em torno de um mesmo time. Para muitos brasileiros, torcer é um elemento central em suas vidas, com a memória afetiva perpetuando esses laços. Os estádios tornam-se locais onde vitórias e derrotas são vivenciadas coletivamente, fortalecendo a conexão entre torcedores, seus clubes, seus amigos e parentes e criando uma certa cultura de pertencimento.


Nesse contexto, a memória institucional dos times de futebol tem um papel fundamental. Ao preservar sua história e tradições, os clubes fortalecem o vínculo com seus torcedores, criando um elo entre gerações. A valorização dessa memória ajuda a garantir a continuidade do interesse pelo futebol e a conexão entre torcedores e suas equipes.


Neste artigo, você vai conhecer alguns tipos de lugares de memória do futebol, além de explorar cases de memoriais, museus, arquivos e centros de memória dedicados ao tema. Também abordaremos as três principais atividades que os projetos de memória institucional dos clubes podem desenvolver, destacando como esses projetos se tornam instrumentos valiosos de relacionamento, ferramenta estratégica de gestão e, ainda, geradores de receita para os clubes.


Se o assunto interessa a você, continue a leitura.


Lugares de memória do futebol e seu papel na preservação da história dos clubes


Existem diferentes formatos de lugares de memória do futebol, cada um contribuindo à sua maneira para a preservação da história do esporte e da memória institucional dos times. Alguns deles são:


  1. Memorial: Um memorial de futebol homenageia jogadores, eventos significativos do esporte ou um time específico, servindo como um espaço de reflexão sobre momentos marcantes de suas trajetórias. Dois exemplos na cidade de São Paulo são o Memorial Luiz Cássio dos Santos Werneck, que homenageia o São Paulo Futebol Clube e o Memorial Corinthians, que presta homenagem ao time Sport Club Corinthians Paulista.


Memorial reúne itens que contam a história do Corinthians. Foto: José Manoel Idalgo
Memorial reúne itens que contam a história do Corinthians. Foto: José Manoel Idalgo

  1. Museu: Um museu de futebol coleta e expõe objetos relacionados à história do esporte, de um jogador ou de um clube específico, organizando uma narrativa sobre o assunto, educando o público sobre sua evolução e cultura. Um exemplo é o Museu do Futebol na cidade de São Paulo, que utiliza recursos interativos para engajar os visitantes na história do futebol brasileiro, ou o Museu Pelé, na cidade de Santos, onde o jogador fez carreira.


Museu Pelé, em Santos (SP). Foto: Raimundo Rosa
Museu Pelé, em Santos (SP). Foto: Raimundo Rosa

  1. Arquivo histórico: Trata-se de uma coleção organizada de documentos, registros e materiais que preservam a memória e a história de um clube, servindo como fonte valiosa para pesquisa. Um exemplo é o Arquivo Histórico do Sport Club Internacional, em Porto Alegre (RS)


  2. Centro de Memória: Lugar responsável por preservar a história de um clube ou grupo de torcedores, coletando, organizando e conservando um acervo histórico documental. Ele registra tradições e experiências por meio de arquivos, relatos de memória oral e objetos significativos. Além disso, os centros de memória não apenas atendem a pesquisas internas e externas, mas também desenvolvem projetos para a extroversão de seus acervos, como documentários, eventos e exposições. Esse é o caso do Centro Atleticano de Memória, do Galo, em Belo Horizonte (MG).


  3. Exposição: Uma exposição é um evento usualmente temporário que expõe um acervo de documentos e objetos específicos do futebol, contribuindo para a educação e a cultura esportiva e também para o fortalecimento de vínculos, de identidade e reputação de um time ou de uma temática. Um exemplo foi a exposição CONTRA-ATAQUE! As Mulheres do Futebol, realizada em 2023 no Museu Pelé, que destacou a história do futebol feminino, enfatizando as conquistas e os desafios enfrentados pelas jogadoras.


    Organizar e extroverter o acervo histórico de um clube reforça sua identidade e seu legado. Essa prática não apenas valoriza a trajetória do time, mas também fortalece o vínculo com os torcedores, que se sentem parte da história. Fotografias, troféus, uniformes, bolas, vídeos e relatos contribuem para a construção de uma narrativa rica e envolvente, que pode ser compartilhada e celebrada.


Com a profissionalização do futebol e as transformações nos meios de comunicação, os clubes que investem em projetos de memória institucional se adaptam melhor às novas formas de interação com os torcedores. As redes sociais facilitam essa conexão, permitindo que os clubes compartilhem suas conquistas e mensagens de forma impactante, tornando a memória institucional uma ferramenta poderosa para engajar e fidelizar os fãs, perpetuando a cultura e a paixão pelo clube.


Memória Institucional como estratégia de gestão


No futebol, a memória institucional refere-se à habilidade de um time, de um clube, de uma federação ou de um jogador em preservar sua história e o conhecimento acumulado ao longo de sua trajetória. O principal objetivo dos projetos de memória institucional é reter as experiências e aprendizados adquiridos, visando beneficiar o futuro da instituição. Esses projetos podem ser divididos em três grupos de atividades:



As informações, dados e imagens contidas nos acervos históricos organizados, juntamente com as pesquisas sócio-históricas estruturadas, subsidiam as diversas áreas de um time de futebol. Elas contribuem para estratégias de marketing, disputas jurídicas, ações de engajamento de Recursos Humanos e assessoria de imprensa. Além disso, uma variedade de produtos de extroversão desses acervos, como documentários, exposições, livros e brindes podem ser desenvolvidos a partir das coleções organizadas e das pesquisas realizadas. Isso fortalece o relacionamento com os stakeholders, incluindo patrocinadores, torcedores, jogadores e colaboradores.


A Raiz Projetos e Pesquisas de História já desenvolveu uma pesquisa sócio-histórica sobre o São Paulo Futebol Clube. O objetivo do projeto era explorar as origens e a trajetória do clube, reconstruindo sua narrativa à luz de pautas contemporâneas, como feminismo, luta antirracista, importância da democracia e investimento em educação. O resultado final foi um relatório interno elaborado para a diretoria de estratégia, que incluía uma narrativa rica e ilustrada da história do time, além de destaques e insights dos pesquisadores envolvidos no projeto.


Oportunidades comerciais para clubes e engajamento de torcedores


Os clubes de futebol podem monetizar sua memória institucional de diversas maneiras por meio da sua história e das conquistas que os definem. Uma das estratégias é a venda de ingressos para visitação de museus e estádios, permitindo que torcedores e visitantes conheçam mais sobre o clube e suas tradições. Fundado em 1984, o Museu do Barcelona alcançou, 30 anos depois, a impressionante marca de 30 milhões de visitantes. Os preços das experiências que incluem o museu variam hoje entre 21 e 269 euros.


A criação e venda de produtos temáticos, históricos e colecionáveis, como camisetas, álbuns de figurinha, cards, canecas, livros e souvenirs, não apenas geram receita adicional, mas também atraem tanto fãs quanto colecionadores. Além das lojas virtuais, museus, memoriais e estádios geralmente contam com lojas físicas onde esses produtos são comercializados e que se tornam destinos para quem busca presentes para torcedores fanáticos.



Loja do Museu da Fifa. Foto: site Fifa Museum
Loja do Museu da Fifa. Foto: site Fifa Museum

Experiências interativas como visitas guiadas nos museus e memoriais também podem ser oferecidas, proporcionando uma vivência memorável e aumentando o engajamento do público. O conteúdo histórico pode ser utilizado em campanhas de marketing, como vídeos institucionais, comerciais e documentários, atraindo patrocinadores e aumentando a visibilidade do clube. Organizar eventos e exposições relacionadas à história do time, como lançamentos de livros ou mostras de fotografias históricas, também pode gerar receita por meio de ingressos e patrocínios.

Assim, a monetização da memória institucional pode ser uma estratégia eficaz para os clubes de futebol, permitindo-lhes diversificar suas ofertas, aumentar suas receitas e fortalecer sua presença no mercado, ao mesmo tempo em que estreitam laços com seus torcedores.


A falta de profissionalização na área de memória institucional pode gerar consequências para os clubes de futebol, como a perda de conexão com suas raízes e torcedores, resultando em um engajamento reduzido e oportunidades de receita não aproveitadas. Sem iniciativas que valorizem sua história, os clubes podem se tornar menos relevantes, prejudicando suas relações com patrocinadores e investidores. A preservação da memória fortalece o engajamento dos torcedores, atrai novos fãs e contribui para a construção de uma marca sólida. Em um ambiente competitivo, valorizar a memória institucional é essencial para o sucesso e a sustentabilidade de um time no longo prazo.


Como estruturar um projeto de memória profissional


Para criar um projeto de memória institucional de um time de futebol, é fundamental mapear e coletar os acervos históricos relacionados a ele, o que pode exigir a sensibilização do público e campanhas de engajamento com os colaboradores. Em seguida, é necessário organizar o acervo, definindo o escopo de preservação e prosseguindo com o tratamento documental, que inclui higienização, catalogação, digitalização, acondicionamento e armazenamento na reserva técnica. A pesquisa sócio-histórica é essencial, pois orienta tanto os trabalhos de organização quanto às iniciativas de extroversão.


Os projetos de extroversão também requerem planejamento estratégico e uma equipe especializada, adaptada ao formato a ser desenvolvido. A consultoria de uma empresa do ramo e uma equipe técnica profissional e multidisciplinar, composta por historiadores, curadores, designers de experiência e especialistas em marketing esportivo, podem garantir o sucesso do projeto. A Raiz oferece esse escopo de trabalho completo e pode ajudar um clube de futebol a dar um salto na sua competitividade estratégica. Para saber mais, entre em contato.

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