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O que é centro de memória e para que serve?

Atualizado: 16 de mar.

Entenda o papel desses lugares de memória na preservação e promoção da história de instituições e empresas


nestle centro de memoria
Nestlé Centro de Memória. Foto: acervo Raiz

Um centro de memória é uma instituição ou espaço dedicado à preservação e promoção da memória coletiva de uma comunidade, empresa ou instituição. Ele funciona como um repositório de documentos históricos que registram dados, informações e experiências tanto do presente quanto do passado. Nas empresas, esses centros se tornam referências essenciais para assuntos relacionados ao legado de grupos, atuando como pontos de apoio para diversos projetos internos e externos. Dessa forma, auxiliam nas pesquisas, atividades educativas, exposições e eventos, reunindo esforços de organização e extroversão de acervos históricos.


Os centros de memória são o produto mais elaborado da Memória Empresarial e da Memória Institucional. Com sua implementação, a engrenagem para o resgate e ativação da memória como recurso estratégico se torna acessível de forma consistente e cotidiana.


Este artigo vai explicar o que é um centro de memória, trazer exemplos práticos e apontar os benefícios da implantação deste tipo de projeto, além de elencar os passos para começar.


Para entender os potenciais de um projeto como este, continue a leitura.


O que é centro de memória?


Os centros de memória referem-se tanto aos setores responsáveis pelas atividades de preservação da memória quanto aos espaços físicos onde essas ações são realizadas. No contexto de empresas ou instituições, esses centros são os locais onde se desenvolvem projetos de memória empresarial e institucional.


O Centro de Memória da Bunge, por exemplo, abrange tanto a divisão responsável pela equipe de tratamento documental, atendimento à pesquisa e ações educativas, quanto o espaço físico na sede da empresa em São Paulo, que inclui a reserva técnica, exposições permanentes e temporárias, além de mesas de trabalho para a equipe.


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Centro de Memória Bunge. Foto: Wikipédia

Os primeiros centros de memória no Brasil surgiram na década de 1970, acompanhados de um crescimento significativo na década seguinte. Esse desenvolvimento não é coincidência; ocorreu paralelamente ao processo de redemocratização, que despertou uma crescente preocupação com a preservação da documentação histórica e da cultura, bem como da identidade das instituições.


É comum surgirem dúvidas em relação aos termos centro de memória, centro de documentação (também conhecidos por CEDOCs) e museu corporativo. É importante destacar que esses conceitos não são sinônimos e possuem funções distintas.


Os centros de documentação realizam trabalhos de bastidores, focando na organização de acervos e no tratamento técnico dos documentos, além de funcionarem como repositórios de informações. Por sua vez, os centros de memória desempenham essas mesmas funções, mas vão além: eles desenvolvem pesquisas e refletem sobre a trajetória da instituição, propondo novos usos para os conhecimentos resultantes dessa reflexão. Em colaboração com diversas áreas, como RH, marketing, jurídico, eventos, inovação e relações públicas, os centros de memória promovem ações que ativam a história e o acervo em questão.



O Nestlé Centro de Memória, em parceria com a área de Recursos Humanos, desenvolvia atividades para o Programa de Integração de Colaboradores, conhecido atualmente como onboarding. Durante essas visitas, os participantes exploravam o espaço, conheciam a trajetória da empresa, eram apresentados a documentos históricos e aprendiam a extrair informações valiosas deles. Essa experiência despertava nos colaboradores um senso de pertencimento e engajamento em suas atividades diárias, pois compreendiam o legado que sustentava suas funções.


Além disso, a visita proporcionava aos colaboradores a consciência de que ali encontrariam um recurso estratégico para o seu cotidiano de trabalho. Um exemplo disso ocorreu quando um recém-contratado para o marketing de Neston acionou o Nestlé Centro de Memória logo após participar do Programa de Integração. Ele expressou interesse em conhecer a história da marca e solicitou um dossiê completo contendo informações, um histórico sequencial de embalagens, comerciais e campanhas. Dessa forma, ao planejar novas ações, ele estava ciente das transformações e permanências na identidade da marca, bem como de todos os lançamentos de produtos e das mudanças no tom das comunicações com o público.


Os museus corporativos, por sua vez, são projetos voltados para a extroversão de acervos. Eles mostram a documentação histórica e materializam a memória das marcas, produtos, empresas e dos contextos mais amplos em que atuam. As empresas e instituições que possuem museus podem ou não contar com um centro de memória. Por exemplo, a Hering, em Blumenau (SC), possui tanto um museu quanto um centro de memória, que operam de forma cooperativa, mas independente. Em contraste, a Cervejaria Bohemia, em Petrópolis (RJ), dispõe apenas de um espaço expositivo, sem a associação de um centro de memória.


centro de memoria Bohemia
Fachada da Cervejaria Bohemia - foto: Facebook Cervejaria Bohemia

Cervejaria Bohemia petropolis
Cervejaria Bohemia - Petrópolis (RJ) - foto: acervo Raiz

Apesar das suas diferenças, centros de memória, centros de documentação e museus corporativos são todos lugares de memória clássicos. O conceito, introduzido por Pierre Nora, foi ressignificado ao longo do tempo e gerou um intenso debate historiográfico. Os lugares de memória atuam como vetores e ativadores da memória, desempenhando um papel fundamental na preservação e na reflexão sobre o passado.


No caso de instituições e empresas, os centros de memória são fundamentais porque vivificam a história institucional, das marcas e dos serviços, além de refletirem o contexto em que estão inseridos. Essa vivência ocorre por meio da reflexão cotidiana e da organização e divulgação dos acervos históricos, permitindo um entendimento mais profundo do legado cultural. Um exemplo disso é o Centro de Memória do Circo, na cidade de São Paulo, cuja missão é reunir, preservar, pesquisar, refletir e difundir a memória e a cultura circense.


O CMC é estruturado em quatro núcleos interconectados: Acervo, Formação, Difusão e Pesquisa. O núcleo de Acervo se dedica à conservação do acervo museológico, enquanto o núcleo de Formação oferece cursos e oficinas focados nos Saberes do Circo e no Programa Sou de Circo. O núcleo de Difusão compartilha conhecimentos do núcleo de Pesquisa por meio de exposições e publicações, e a Pesquisa apoia as atividades dos demais núcleos. Essa interatividade entre os núcleos garante uma articulação efetiva do trabalho, fortalecendo ainda mais a memória e a cultura circense.



Reserva técnica do Centro de Memória do Circo. Foto: site CMC
Reserva técnica do Centro de Memória do Circo. Foto: site CMC


Para que e para quem serve um centro de memória?


Os exemplos apresentados ilustram, na prática, diversas maneiras de aproveitar os recursos que os centros de memória podem oferecer às empresas e instituições. Em essência, esses centros servem para:


  1. fortalecer a identidade e a reputação das organizações e suas marcas

  2. servir de ferramenta estratégica para gestão das diversas áreas da empresa ou instituição

  3. fortalecer vínculos e o relacionamento com os parceiros e demais stakeholders

  4. atuar pela responsabilidade histórica e social


Os centros de memória não atendem apenas os colaboradores de diversas áreas das instituições, mas também respondem às demandas de parceiros de negócios, como agências de publicidade e comunicação. Esses centros também podem ser acionados para atender consumidores, associados e usuários por meio do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC). Estudantes e pesquisadores externos que realizam investigações nas áreas de atuação da instituição também têm acesso aos serviços oferecidos por esses lugares de memória.


Nestle centro de memoria recebe visita de influenciadores
Atendimento a influenciadores digitais no Nestlé Centro de Memória - foto: acervo Raiz

A Raiz Projetos e Pesquisas de História já recorreu a diversos centros de memória empresariais para desenvolver pesquisas sócio-históricas. Um exemplo significativo ocorreu quando a Bunge atendeu às solicitações da Raiz, fornecendo acesso a comerciais, cartazes e embalagens de suas marcas de margarina. Essas informações foram essenciais para uma pesquisa sobre a categoria realizada para a Seara.


Como e quando criar um centro de memória?


Todas as empresas e instituições interessadas em utilizar sua documentação histórica como um ativo estratégico podem e devem implantar um centro de memória.


Foi para usar seu patrimônio intelectual de forma estratégica que a Raiz Projetos e Pesquisa de História iniciou a implantação do Centro de Memória da Editora Brasil Seikyo. O objetivo era fortalecer a identidade e a reputação institucional da editora e de seus produtos perante o grupo do qual faz parte, atender os colaboradores das mais diversas áreas da própria editora que usam o acervo organizado para gerir informações e imagens, fortalecer vínculos com seus leitores e com os associados da Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI) e atuar pela responsabilidade histórica e social, já que zelar pela história da instituição também é zelar pelas histórias dos contextos onde sua atuação se dá - a história do budismo no Brasil, da educação e da cultura de paz.


Centros de memória são projetos de longo prazo e, para seu início, é fundamental analisar e definir os objetivos e o escopo das atividades a serem desenvolvidas, alinhando-os às prioridades da instituição. Na sequência, é necessário estabelecer qual o acervo a ser organizado e extrovertido: será um acervo sobre a organização em si ou terá uma abrangência mais ampla, tratando também da área de negócio da empresa ou da cidade onde sua atuação se dá?


A próxima etapa envolve o diagnóstico do acervo. Algumas reflexões importantes a serem consideradas nesta fase incluem:


  1. Onde está localizado o acervo dentro do escopo definido?

  2. Quais são as condições de conservação?

  3. Seria interessante desenvolver um projeto de história oral para capturar relatos de colaboradores veteranos, que podem fornecer informações valiosas sobre o acervo a ser coletado?


Uma vez sistematizadas todas essas definições, é hora de formar a equipe, montar a reserva técnica, recolher a documentação histórica e começar a colocar as ideias em prática.


Gestores de centros de memória


Entre as áreas que frequentemente assumem a gestão dos centros de memória estão comunicação corporativa, relações públicas, fundação, marketing e RH. Como mencionado anteriormente, ao iniciar um projeto de criação de um centro de memória, é fundamental compreender qual é o objetivo prioritário da organização.


Para isso, é essencial contar com empresas especializadas em memória empresarial ou memória institucional. Por meio de equipes multidisciplinares, essas empresas podem estruturar um projeto dessa magnitude, que abrange diversas áreas de conhecimento e metodologias combinadas. A sinergia entre as empresas especializadas e as instituições contratantes é crucial na fase de implantação, tornando o projeto muito mais eficiente durante a gestão.


A Raiz possui experiência em criação de centros de memória e conta com uma vasta rede de profissionais parceiros para atender a todas as etapas envolvidas nesses projetos. Se você acredita que essas atividades são relevantes para sua organização, entre em contato para que possamos transformar suas ideias em realidade!

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