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Foto do escritorCarolina Kuk

Memória institucional e memória organizacional são iguais?

Atualizado: 22 de nov.

Entenda quais as semelhanças e diferenças destes dois termos e aprenda a escolher o mais adequado para seu projeto


memoria institucional organizacional corporativa
Projeto de Memória Organizacional da Nestlé Brasil

Na sociedade contemporânea, onde grande parte da vida social, econômica e cultural é estruturada em torno de instituições, organizações, empresas e marcas, a preservação de suas memórias tornou-se indispensável. A memória dessas entidades não é apenas um resgate do passado, mas uma ferramenta estratégica que conecta sua trajetória ao futuro, agregando valor à sua identidade e reputação, além de ser uma maneira de atuar pela responsabilidade histórica.


Apesar de compartilharem esse papel, a memória institucional e a memória organizacional diferem em seus focos e finalidades. A memória institucional está voltada para a preservação da identidade e legitimidade social da entidade, enquanto a memória organizacional concentra-se na eficiência operacional, no uso do conhecimento acumulado para otimizar processos e promover inovação.


Embora a preservação de acervos e a gestão de memória não sejam a atividade-fim de nenhuma entidade, trata-se de uma atividade-meio estratégica. Reconhecer seu papel é fundamental para garantir continuidade, coesão e inovação em um mundo cada vez mais dinâmico.


Neste artigo, você vai entender os conceitos de memória institucional, memória organizacional, memória empresarial e memória corporativa, além de compreender suas diferenças e semelhanças. Vai descobrir a importância dos projetos de memória para reforçar identidade, promover eficiência e agregar valor às instituições e empresas. Também vai conhecer as principais etapas e competências necessárias para desenvolver esses projetos de forma bem-sucedida. Se você se interessa pelo tema, continue a leitura!


O que é Memória Institucional?


A memória institucional refere-se à capacidade de uma instituição de preservar, valorizar e disseminar a memória, os registros de sua história e o conhecimento construído e acumulado ao longo de sua trajetória. Essa preocupação ganhou relevância na segunda metade do século XX, impulsionada por estudos sobre patrimônio cultural, identidade organizacional e seu papel na legitimidade institucional.


Com o crescimento das instituições e o aumento de sua complexidade, tornou-se essencial preservar suas histórias para garantir a continuidade de suas identidades em meio a transformações econômicas e tecnológicas. A globalização, a partir dos anos 1980, reforçou essa necessidade, à medida que as instituições buscavam se diferenciar e manter coesão em um cenário dinâmico e desafiador.


A relevância da memória social para a coesão institucional já aparecia em estudos sobre memória coletiva após a Segunda Guerra Mundial (1930-1945). Com o passar dos anos, a preservação documental se consolidou, reconhecendo a importância de proteger e disponibilizar o conhecimento acumulado, o que no Brasil também ganhou notoriedade com a redemocratização pós ditadura (1964-1985).


A memória institucional surgiu, assim, como uma resposta à complexidade institucional e à busca por legitimação.


Os três principais “para ques” de se desenvolver projetos de memória institucional são:


  1. Reforçar a identidade e reputação das instituições

  2. Fortalecer os vínculos e o relacionamento com diferentes stakeholders

  3. Atuar pela responsabilidade histórica e social


A memória institucional não apenas preserva o passado da instituição, mas também a projeta para o futuro, garantindo que sua identidade e cultura permaneçam relevantes e acessíveis tanto para seus membros quanto para a sociedade.



memoria institucional organizacional corporativa
Projeto de Memória Institucional do Sesc São Paulo


O que é Memória Organizacional?


A memória organizacional é o conjunto de conhecimentos, experiências, práticas e informações acumuladas ao longo do tempo por uma organização, que são preservados e utilizados para orientar decisões e ações presentes e futuras. Ela abrange registros documentais (como arquivos e relatórios) e o conhecimento intangível dos colaboradores, que é transmitido informalmente.


Assim como a memória institucional, a preocupação com a memória organizacional surgiu à medida que as organizações cresceram em tamanho e complexidade. Nesse contexto, tornou-se essencial preservar o conhecimento acumulado para garantir a continuidade das operações e a eficácia das estratégias. Essa necessidade foi intensificada pelo rápido avanço tecnológico, pelas transformações econômicas e no mercado de trabalho, que exigiram das organizações um manejo mais eficiente de informações e adaptação às mudanças no ambiente de negócios.


O principal objetivo da memória organizacional é assegurar que o conhecimento adquirido ao longo do tempo seja preservado e utilizado de forma eficaz, evitando a repetição de erros e facilitando o desenvolvimento de soluções baseadas em experiências anteriores. Além disso, ela contribui para a continuidade dos negócios, mesmo diante de mudanças na equipe ou no ambiente externo, e fortalece a inovação, ao disponibilizar informações que podem ser reutilizadas ou aprimoradas. Portanto, a memória organizacional é uma ferramenta estratégica de gestão de negócios.



Diferenças e semelhanças entre Memória Institucional e Memória Organizacional


Para entender a diferença entre Memória Institucional e Memória Organizacional, é fundamental compreender a distinção entre instituição e organização. As instituições são voltadas para a construção de valores e a criação de identidade, com um propósito social e normativo, enquanto as organizações têm um foco mais utilitário, priorizando a produtividade, a eficiência e o cumprimento de objetivos práticos. Essa distinção reflete-se diretamente nas diferenças entre memória institucional e memória organizacional.


A memória institucional (MI) concentra-se em construir e preservar a legitimidade da instituição, reforçando sua identidade e seus valores sociais e culturais. Ela foca na trajetória histórica da instituição, suas conexões com a sociedade e a criação de um legado que ressoa com questões morais, éticas e de responsabilidade social. O principal objetivo da MI é consolidar a identidade e a reputação da instituição perante seus stakeholders, valorizando sua relevância social e cultural ao longo do tempo.


Por outro lado, a memória organizacional (MO) tem um caráter mais prático, voltado para a eficiência e eficácia na gestão de negócios. A MO é uma ferramenta estratégica para otimizar processos, garantir a competitividade e facilitar a inovação dentro das organizações. Seu foco está em garantir que o conhecimento acumulado seja utilizado para aprimorar a performance, adaptando-se rapidamente a mudanças no ambiente de negócios.


Apesar das diferenças de foco, ambas — MI e MO — compartilham o objetivo de preservar o conhecimento e transmitir as lições do passado para moldar o futuro. Tanto a memória institucional quanto a organizacional desempenham um papel crucial na continuidade e no aprendizado das entidades que representam, sendo fontes importantes para tomadas de decisão. No entanto, enquanto a MI fortalece a reputação e os valores sociais, a MO está mais voltada para a gestão e a competitividade dentro do ambiente organizacional.


Memoria Institucional - Memoria Organizacional
Quadro comparativo MI e MO por Thiago Justo


Projetos de gerenciamento da memória são divididos em dois grandes blocos de atividades: organização de acervos e extroversão de acervos. Ambos podem ser implementados em diversas áreas, incluindo instituições esportivas, organizações de saúde, agências de publicidade e comunicação, instituições culturais e educacionais, câmaras de comércio, ONGs, personalidades públicas e também empresas e marcas.


Memória empresarial e memória corporativa


No contexto das empresas e marcas, dois termos adicionais são frequentemente utilizados: memória empresarial e memória corporativa. Segundo Karen Worcman, historiadora, diretora e fundadora do Museu da Pessoa:


Memória Empresarial não é apenas um passado de uma empresa. Memória empresarial é, principalmente, o uso empresarial que uma organização faz de sua história.

Inicialmente, a memória empresarial se desenvolveu no âmbito acadêmico, especialmente nas áreas de administração e economia. O foco estava em estudar técnicas de gestão empresarial, biografias de empresários e a evolução das empresas com base em seus arquivos históricos. Esses registros eram preservados para servir como objeto de análise acadêmica, fornecendo insights sobre a administração dos negócios. Com o tempo, a memória empresarial evoluiu para se tornar uma ferramenta de análise estratégica, utilizada pelas próprias empresas para compreender seu desenvolvimento e orientar decisões futuras.


Atualmente, empresas públicas, empresas de economia mista, privadas e familiares desenvolvem projetos de preservação de sua memória com objetivos específicos que mesclam os propósitos da MI e MO, como:


  • Preservar o know-how técnico-administrativo;

  • Salvaguardar os valores, o conhecimento e a cultura original da organização;

  • Gerar um sentimento de pertencimento entre os colaboradores;

  • Agregar valor à marca, reforçando sua identidade e legado.


Dessa forma, a memória empresarial é um ativo estratégico e contribui para a continuidade da identidade corporativa e para o fortalecimento da conexão entre o passado, o presente e o futuro da empresa.


O uso dos diferentes termos — Memória Institucional, Organizacional, Empresarial e Corporativa — varia conforme a natureza da entidade em questão e difere também em seus objetivos e focos, como discutido ao longo deste artigo. No entanto, o que permanece constante em todos os projetos de memória é o conjunto de atividades que envolvem, de um lado, a organização da documentação histórica e, de outro, a extroversão desses documentos, ou seja, a difusão e divulgação desses acervos organizados.



memoria institucional organizacional corporativa
Acervo audiovisual de Memória Empresarial da Fundação Zerrenner

Quando contratar um projeto de Memória Institucional ou Organizacional?


Para desenvolver projetos de memória institucional, organizacional, empresarial ou corporativa, é fundamental contar com uma equipe interdisciplinar qualificada, capaz de aplicar uma variedade de técnicas e métodos especializados. Essa equipe deve atuar na definição de escopo, além de realizar atividades como seleção, higienização, restauração, catalogação, digitalização, identificação e acondicionamento de documentos e acervos.


Outras etapas incluem pesquisa, elaboração de textos, curadoria, cenografia, expografia, edição e filmagem, além de coordenar e integrar todos esses processos para garantir a organização e extroversão eficiente do acervo.


Devido à complexidade dessas tarefas, muitas instituições, organizações e empresas optam por contratar consultorias especializadas, que oferecem expertise para montar reservas técnicas, criar centros de memória, desenvolver museus corporativos, ou produzir livros comemorativos e documentários sobre a trajetória da entidade.


Se este é o seu caso, entre em contato conosco. Você também pode conferir alguns projetos de memória realizados pela Raiz aqui.

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