Entenda quais as semelhanças e diferenças destes dois termos e aprenda a escolher o mais adequado para seu projeto
Na sociedade contemporânea, onde grande parte da vida social, econômica e cultural é estruturada em torno de instituições, organizações, empresas e marcas, a preservação de suas memórias tornou-se indispensável. A memória dessas entidades não é apenas um resgate do passado, mas uma ferramenta estratégica que conecta sua trajetória ao futuro, agregando valor à sua identidade e reputação, além de ser uma maneira de atuar pela responsabilidade histórica.
Apesar de compartilharem esse papel, a memória institucional e a memória organizacional diferem em seus focos e finalidades. A memória institucional está voltada para a preservação da identidade e legitimidade social da entidade, enquanto a memória organizacional concentra-se na eficiência operacional, no uso do conhecimento acumulado para otimizar processos e promover inovação.
Embora a preservação de acervos e a gestão de memória não sejam a atividade-fim de nenhuma entidade, trata-se de uma atividade-meio estratégica. Reconhecer seu papel é fundamental para garantir continuidade, coesão e inovação em um mundo cada vez mais dinâmico.
Neste artigo, você vai entender os conceitos de memória institucional, memória organizacional, memória empresarial e memória corporativa, além de compreender suas diferenças e semelhanças. Vai descobrir a importância dos projetos de memória para reforçar identidade, promover eficiência e agregar valor às instituições e empresas. Também vai conhecer as principais etapas e competências necessárias para desenvolver esses projetos de forma bem-sucedida. Se você se interessa pelo tema, continue a leitura!
O que é Memória Institucional?
A memória institucional refere-se à capacidade de uma instituição de preservar, valorizar e disseminar a memória, os registros de sua história e o conhecimento construído e acumulado ao longo de sua trajetória. Essa preocupação ganhou relevância na segunda metade do século XX, impulsionada por estudos sobre patrimônio cultural, identidade organizacional e seu papel na legitimidade institucional.
Com o crescimento das instituições e o aumento de sua complexidade, tornou-se essencial preservar suas histórias para garantir a continuidade de suas identidades em meio a transformações econômicas e tecnológicas. A globalização, a partir dos anos 1980, reforçou essa necessidade, à medida que as instituições buscavam se diferenciar e manter coesão em um cenário dinâmico e desafiador.
A relevância da memória social para a coesão institucional já aparecia em estudos sobre memória coletiva após a Segunda Guerra Mundial (1930-1945). Com o passar dos anos, a preservação documental se consolidou, reconhecendo a importância de proteger e disponibilizar o conhecimento acumulado, o que no Brasil também ganhou notoriedade com a redemocratização pós ditadura (1964-1985).
A memória institucional surgiu, assim, como uma resposta à complexidade institucional e à busca por legitimação.
Os três principais “para ques” de se desenvolver projetos de memória institucional são:
Reforçar a identidade e reputação das instituições
Fortalecer os vínculos e o relacionamento com diferentes stakeholders
Atuar pela responsabilidade histórica e social
A memória institucional não apenas preserva o passado da instituição, mas também a projeta para o futuro, garantindo que sua identidade e cultura permaneçam relevantes e acessíveis tanto para seus membros quanto para a sociedade.
O que é Memória Organizacional?
A memória organizacional é o conjunto de conhecimentos, experiências, práticas e informações acumuladas ao longo do tempo por uma organização, que são preservados e utilizados para orientar decisões e ações presentes e futuras. Ela abrange registros documentais (como arquivos e relatórios) e o conhecimento intangível dos colaboradores, que é transmitido informalmente.
Assim como a memória institucional, a preocupação com a memória organizacional surgiu à medida que as organizações cresceram em tamanho e complexidade. Nesse contexto, tornou-se essencial preservar o conhecimento acumulado para garantir a continuidade das operações e a eficácia das estratégias. Essa necessidade foi intensificada pelo rápido avanço tecnológico, pelas transformações econômicas e no mercado de trabalho, que exigiram das organizações um manejo mais eficiente de informações e adaptação às mudanças no ambiente de negócios.
O principal objetivo da memória organizacional é assegurar que o conhecimento adquirido ao longo do tempo seja preservado e utilizado de forma eficaz, evitando a repetição de erros e facilitando o desenvolvimento de soluções baseadas em experiências anteriores. Além disso, ela contribui para a continuidade dos negócios, mesmo diante de mudanças na equipe ou no ambiente externo, e fortalece a inovação, ao disponibilizar informações que podem ser reutilizadas ou aprimoradas. Portanto, a memória organizacional é uma ferramenta estratégica de gestão de negócios.
Diferenças e semelhanças entre Memória Institucional e Memória Organizacional
Para entender a diferença entre Memória Institucional e Memória Organizacional, é fundamental compreender a distinção entre instituição e organização. As instituições são voltadas para a construção de valores e a criação de identidade, com um propósito social e normativo, enquanto as organizações têm um foco mais utilitário, priorizando a produtividade, a eficiência e o cumprimento de objetivos práticos. Essa distinção reflete-se diretamente nas diferenças entre memória institucional e memória organizacional.
A memória institucional (MI) concentra-se em construir e preservar a legitimidade da instituição, reforçando sua identidade e seus valores sociais e culturais. Ela foca na trajetória histórica da instituição, suas conexões com a sociedade e a criação de um legado que ressoa com questões morais, éticas e de responsabilidade social. O principal objetivo da MI é consolidar a identidade e a reputação da instituição perante seus stakeholders, valorizando sua relevância social e cultural ao longo do tempo.
Por outro lado, a memória organizacional (MO) tem um caráter mais prático, voltado para a eficiência e eficácia na gestão de negócios. A MO é uma ferramenta estratégica para otimizar processos, garantir a competitividade e facilitar a inovação dentro das organizações. Seu foco está em garantir que o conhecimento acumulado seja utilizado para aprimorar a performance, adaptando-se rapidamente a mudanças no ambiente de negócios.
Apesar das diferenças de foco, ambas — MI e MO — compartilham o objetivo de preservar o conhecimento e transmitir as lições do passado para moldar o futuro. Tanto a memória institucional quanto a organizacional desempenham um papel crucial na continuidade e no aprendizado das entidades que representam, sendo fontes importantes para tomadas de decisão. No entanto, enquanto a MI fortalece a reputação e os valores sociais, a MO está mais voltada para a gestão e a competitividade dentro do ambiente organizacional.
Projetos de gerenciamento da memória são divididos em dois grandes blocos de atividades: organização de acervos e extroversão de acervos. Ambos podem ser implementados em diversas áreas, incluindo instituições esportivas, organizações de saúde, agências de publicidade e comunicação, instituições culturais e educacionais, câmaras de comércio, ONGs, personalidades públicas e também empresas e marcas.
Memória empresarial e memória corporativa
No contexto das empresas e marcas, dois termos adicionais são frequentemente utilizados: memória empresarial e memória corporativa. Segundo Karen Worcman, historiadora, diretora e fundadora do Museu da Pessoa:
Memória Empresarial não é apenas um passado de uma empresa. Memória empresarial é, principalmente, o uso empresarial que uma organização faz de sua história.
Inicialmente, a memória empresarial se desenvolveu no âmbito acadêmico, especialmente nas áreas de administração e economia. O foco estava em estudar técnicas de gestão empresarial, biografias de empresários e a evolução das empresas com base em seus arquivos históricos. Esses registros eram preservados para servir como objeto de análise acadêmica, fornecendo insights sobre a administração dos negócios. Com o tempo, a memória empresarial evoluiu para se tornar uma ferramenta de análise estratégica, utilizada pelas próprias empresas para compreender seu desenvolvimento e orientar decisões futuras.
Atualmente, empresas públicas, empresas de economia mista, privadas e familiares desenvolvem projetos de preservação de sua memória com objetivos específicos que mesclam os propósitos da MI e MO, como:
Preservar o know-how técnico-administrativo;
Salvaguardar os valores, o conhecimento e a cultura original da organização;
Gerar um sentimento de pertencimento entre os colaboradores;
Agregar valor à marca, reforçando sua identidade e legado.
Dessa forma, a memória empresarial é um ativo estratégico e contribui para a continuidade da identidade corporativa e para o fortalecimento da conexão entre o passado, o presente e o futuro da empresa.
O uso dos diferentes termos — Memória Institucional, Organizacional, Empresarial e Corporativa — varia conforme a natureza da entidade em questão e difere também em seus objetivos e focos, como discutido ao longo deste artigo. No entanto, o que permanece constante em todos os projetos de memória é o conjunto de atividades que envolvem, de um lado, a organização da documentação histórica e, de outro, a extroversão desses documentos, ou seja, a difusão e divulgação desses acervos organizados.
Quando contratar um projeto de Memória Institucional ou Organizacional?
Para desenvolver projetos de memória institucional, organizacional, empresarial ou corporativa, é fundamental contar com uma equipe interdisciplinar qualificada, capaz de aplicar uma variedade de técnicas e métodos especializados. Essa equipe deve atuar na definição de escopo, além de realizar atividades como seleção, higienização, restauração, catalogação, digitalização, identificação e acondicionamento de documentos e acervos.
Outras etapas incluem pesquisa, elaboração de textos, curadoria, cenografia, expografia, edição e filmagem, além de coordenar e integrar todos esses processos para garantir a organização e extroversão eficiente do acervo.
Devido à complexidade dessas tarefas, muitas instituições, organizações e empresas optam por contratar consultorias especializadas, que oferecem expertise para montar reservas técnicas, criar centros de memória, desenvolver museus corporativos, ou produzir livros comemorativos e documentários sobre a trajetória da entidade.
Se este é o seu caso, entre em contato conosco. Você também pode conferir alguns projetos de memória realizados pela Raiz aqui.
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