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Métodos de pesquisa sócio-histórica: quais são e como escolher

Atualizado: 1 de ago. de 2023

Conheça quatro técnicas e entenda qual é a mais adequada para alcançar cada objetivo das empresas e das agências de publicidade, estratégia e comunicação


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Desenvolvimento da pesquisa sócio-histórica para Bohemia - imagem: acervo Raiz

As pesquisas sócio-históricas compõem as atividades desenvolvidas no âmbito da Memória Empresarial. Visando investigar assuntos específicos e as suas relações sociais ao longo do tempo, esse tipo de estudo auxilia empresas a compreenderem a identidade e a reputação das suas marcas, ajuda agências de publicidade a balizar estratégias de campanhas, concorrência e de cultura organizacional e dá perspectiva aos conhecimentos gerados pelos institutos de pesquisa sobre os temas de investigação.


Para atender a demanda cada vez maior do mercado pela compreensão mais profunda acerca das micro-histórias e sua relação com os contextos mais amplos, a Raiz Projetos e Pesquisas de História usa quatro técnicas diferentes na metodologia das pesquisas sócio-históricas que desenvolve: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa de campo em lugares de memória e história oral.


Neste artigo, você vai compreender para que serve e como se aplica cada um dos métodos das pesquisas sócio-históricas, entender as diferenças entre cada uma delas e conhecer cases em que elas foram aplicadas, o que vai mostrar de maneira prática como cada método pode contribuir para determinado objetivo.


Pesquisa sócio-histórica


A pesquisa sócio-histórica é um estudo qualitativo que visa investigar um tema específico, analisando suas relações com contextos mais amplos, tais como a esfera política, econômica, cultural, geográfica e tecnológica. É comum que entre o tema específico e os contextos amplos, haja um assunto intermediário que é importante dar uma atenção especial também.


Para exemplificar, a Raiz desenvolveu um estudo para uma agência de estratégia sobre golpes financeiros no Brasil. O objetivo final do projeto era indicar sugestões de prevenção e antecipar soluções de segurança para a empresa cliente. Embora a micro-história fosse a dos golpes financeiros, a análise alcançou as camadas política, econômica e tecnológica do Brasil dos anos 1980 até hoje, além de uma outra intermediária: a da história do setor bancário.


Essa pesquisa sobre os golpes financeiros gerou alguns diagnósticos importantes, insights de aplicação prática e serviu para compreender tanto as mudanças e as permanências nas estratégias de engenharia social dos golpistas ao longo do tempo, como também as reações da sociedade brasileira diante das fraudes, tanto do ponto de vista de legislação, como do desenvolvimento de mecanismos de segurança e ainda do comportamento social.


História da marca


Além de gerar percepções desse tipo, também é possível utilizar pesquisas sócio-históricas para conhecer a história de uma marca ou uma instituição específica diante da sua categoria. A Raiz já realizou uma investigação sobre cosméticos no Brasil com foco na marca concorrente do seu cliente. A ideia era conhecer os territórios já ocupados para montar a estratégia de lançamento de um novo produto. Os insights desse estudo não só atenderam a este objetivo principal, como também mapearam os comportamentos históricos de consumo de cosméticos da sociedade brasileira.


Cultura organizacional


Um outro uso desse tipo de análise é a reestruturação da cultura organizacional de uma empresa. Para repensar estratégias de atração e retenção de talentos, um escritório de advocacia encomendou com a Raiz um estudo sobre o universo jurídico e a profissão de advogado. A ideia era conhecer os processos históricos do surgimento e estabelecimento da advocacia no Brasil, bem como a construção do repertório simbólico em torno da carreira.


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Lei de 11 de agosto de 1827 que criou os primeiros cursos de ciências jurídicas no Brasil - imagem: Gazeta Arcadas

Métodos de pesquisa sócio-histórica


Portanto, as pesquisas sócio-históricas atendem marcas, empresas, instituições, institutos de pesquisa e, ainda, agências de publicidade, de estratégia, de branding e de comunicação. Para desenvolver esse tipo de estudo, a Raiz utiliza quatro métodos de investigação: a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a pesquisa de campo em lugares de memória e a história oral. Cada um deles tem objetivos e técnicas diferentes, podendo ser combinados dependendo das metas, mas também das possibilidades de prazo e orçamento.


Pesquisa bibliográfica


A pesquisa bibliográfica consiste no levantamento, análise e revisão do que já foi estudado sobre um tema. Na prática, isso significa identificar artigos, livros, teses, vídeos documentários sobre o assunto central a ser investigado na pesquisa sócio-histórica e também sobre temas correlatos que ajudem a compreender o assunto mais específico.


Quando a Raiz desenvolveu o estudo sobre a história da marca Bohemia, alguns assuntos correlatos investigados na pesquisa bibliográfica foram a história da cerveja no Brasil, a cidade de Petrópolis e a imigração alemã.


Nesse tipo de pesquisa, é preciso tomar cuidado com as fontes! Depois de definido o escopo, mapear palavras-chave relacionadas ao tema ajuda nas buscas no google acadêmico e nos acervos de universidades que são repositórios confiáveis que reúnem a produção científica.


Na pesquisa bibliográfica, o pesquisador usufrui do legado de outros que vieram antes dele e que compartilharam seu conhecimento redigindo trabalhos. Ela também auxilia na compreensão dos contextos de produção de documentos históricos que são analisados na pesquisa documental.


Esse método pode ser usado isoladamente em uma pesquisa sócio-histórica, mas é raro que isso aconteça em um trabalho da Raiz. Quase sempre usamos as pesquisas bibliográficas como método combinado com um outro: a pesquisa documental.


Pesquisa documental


A pesquisa documental é um método de levantamento e análise de fontes primárias, ou seja, de informações brutas, não mediadas pela análise de outros pesquisadores. É quando a investigação é feita nos documentos históricos, nos registros de informações deixados pelas pessoas que viveram determinado momento.


Entre as características desse tipo de pesquisa estão o levantamento e análise de matérias jornalísticas da época, anúncios, comerciais e embalagens das marcas e dos produtos, posts em redes sociais, livros de literatura e filmes de ficção, brindes distribuídos por uma determinada instituição, músicas hits de um determinado tempo, fotografias. Tudo isso pode trazer vestígios que nos dão pistas sobre os comportamentos da sociedade.


A Raiz sempre utiliza a pesquisa documental nas suas investigações sócio-históricas, o que dá um caráter inédito para cada um dos estudos contratados. Em um estudo sobre masculinidade no Brasil, a equipe estudou romances e seus personagens, novelas e seus heróis e vilões, anúncios de revista e comerciais de televisão de produtos cujo público-alvo eram os homens, textos de opinião em revistas e jornais.


Já que a pesquisa documental é realizada por meio da análise de documentos históricos, quando a empresa ou instituição interessada na pesquisa tem um centro de memória ou um acervo histórico reunido e organizado, o estudo ganha muito em rapidez e em qualidade.


Pesquisa de campo em lugares de memória


Complementar à pesquisa bibliográfica e à pesquisa documental, nas pesquisas de campo, as atividades são de visita, observação e coleta de informações nos “lugares de memória” da marca, da empresa, do assunto a ser investigado.


“Lugares de Memória” são ativadores, vivificadores, engajadores de memória. Cunhado por Pierre Nora, há um intenso debate em torno deste conceito e vários movimentos de ressignificação. Lugares de Memória podem ser lugares físicos, funcionais e também simbólicos, intangíveis.


Na pesquisa de campo sobre a cerveja Bohemia, a equipe da Raiz visitou a casa de Henrique Kremer, segundo dono da cervejaria, a primeira fábrica do produto em Petrópolis (RJ), os casarões que abrigaram antigos bares onde a marca era consumida com exclusividade, o Petropolitano Futebol Clube, o Palácio Quitandinha, o arquivo da Fundação Zerrenner, o arquivo do Museu Imperial, o arquivo histórico de Petrópolis e a praça Sá Earp. Com isso, a equipe pôde fotografar e sistematizar insights em um relatório, além de rascunhar possibilidades de reativação destes lugares de memória.


Especialmente relacionado ao trabalho de campo, onde encontramos pessoas com quem conversar sobre o objeto da pesquisa, o método da história oral também compõe o quadro de técnicas da pesquisa sócio-histórica.


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Arquivo histórico de Petrópolis - foto: acervo Raiz

História oral


A história oral é uma técnica que utiliza fontes orais para embasar estudos. Uma das suas vertentes é o registro de relatos de histórias de vida. A partir dos depoimentos pessoais, é possível apreender as contribuições individuais para um grupo, para uma empresa, uma instituição ou um assunto determinado.


Os depoimentos podem ser registrados por áudio ou por vídeo e, depois de coletados, se tornam documentos históricos, fontes de pesquisa, podendo conter rastros de informações inéditas. Desde que combinadas com os outros métodos, história oral revela informações importantes, além de ter uma carga emocional diferente de outros tipos de documentos históricos, já que o ponto de vista pessoal e subjetivo pode ser apreendido no tom, no ritmo da voz.


O futuro conduz ao passado


A filósofa Hanna Arendt escreveu que:

O passado não leva para trás, ele impulsiona para frente e, ao contrário do que se poderia esperar, é o futuro que nos conduz ao passado.

A frase é uma boa síntese da demanda de quem busca uma pesquisa sócio-histórica. O que se quer saber é o que nos fez chegar até aqui, por que e como devemos prosseguir em direção a um futuro almejado.


Agora já está mais claro o que é cada método relacionado à pesquisa sócio-histórica e para o que servem. Porém, para definir quais deles realmente devem ser empregados, é importante contar com profissionais especializados, que saberão extrair os objetivos e expectativas da empresa cliente, além de analisar detalhes mais técnicos como prazos, orçamento e equipe necessária para implementar o projeto adequadamente.


Profissionais de áreas correlatas podem trazer outros arcabouços metodológicos adicionais que em muito contribuem para um estudo completo. Sociólogos, antropólogos, estatísticos, psicólogos e psicanalistas fazem parte da rede de parceiros da Raiz e eventualmente são acionados para agregar valor aos projetos, com técnicas da etnografia, grupos focais, entrevistas em profundidade e análises quantitativas diversas.


Se interessou e acha que faz sentido para o seu negócio realizar uma pesquisa sócio-histórica para responder a dúvidas atuais? Conte com a experiência da Raiz Projetos e Pesquisas de História em projetos de Memória Empresarial e pesquisas sócio-históricas.


Perguntas e respostas

O que é pesquisa bibliográfica?

A pesquisa bibliográfica consiste no levantamento, análise e revisão do que já foi estudado sobre um tema. Na prática, isso significa identificar artigos, livros, teses, vídeos documentários sobre o assunto central a ser investigado na pesquisa sócio-histórica e também sobre temas correlatos que ajudem a compreender o assunto mais específico.

O que é pesquisa documental?

O que é pesquisa de campo?

O que são lugares de memória?

O que é história oral?


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